14.10.10

Viva a República!

"Pensões douradas" vão pagar imposto extraordinário de 10%

Quando li o título, pensei imediatamente que finalmente os valores megalómanos de ordenados e pensões de gestores públicos, que têm vindo a ser divulgados na comunicação social, iriam pagar um imposto extraordinário. Mas sabem o que descobri?
Para os detentores do poder, 5.000 euros (brutos) são uma pensão dourada... Já agora qual o atributo de um salário mensal de 40.000 euros (brutos)?
Das duas uma: ou isto está à beira de dar o estouro ou há muita gente a lançar areia para muitos olhos.
As notícias também indicam que se espera uma subida do IVA, com bens alimentares a subirem de 6% para 23% de taxa. Alguém acha que é isto que nos vai tirar do buraco?
Estou para ver o ciclo recessivo em que alegremente vamos entrar e o que acontecerá a seguir. Lá para Maio de 2011, se ainda existirmos, aí virão mais medidas de consolidação orçamental e de redução da massa salarial, porque é preciso cobrar impostos e o povo não está a cooperar (entenda-se, a consumir).
Outra coisa que não compreendo: por que razão a comunicação social do Estado nos brinda com tanta música e tanta dança? Não sei porquê, mas faz-me lembrar a orquestra que continuava a tocar enquanto o Titanic se afundava...
PS: já aqui esteve um video, mas já o eliminei. Acho que seria demasiado doloroso, para quem nos visita, assistir a ele.

5.10.10

Portugal não existe.

Comemora-se hoje, com pompa e circunstância, o centenário da Revolução que implantou a República em Portugal em 1910.
Independentemente do regime político sob o qual somos governados, confesso-vos que estou já plenamente convencido que Portugal não existe.
Portugal é hoje um vocábulo cuja densidade semântica se tem vindo a exaurir.
De acordo com o que noticia o Diário Económico, uma declaração de um funcionário de uma agência de rating estrangeira motivou um agravamento nos juros pagos pelo Estado português para se financiar no exterior.
O que consumimos todos os dias é importado do estrangeiro. Não somos auto-suficientes.
Já não temos moeda própria: usamos a moeda europeia e, segundo foi noticiado na imprensa há uns dias, parece que, a partir de 2011, o nosso orçamento de estado terá que ser previamente apresentado em Bruxelas, para depois ser aprovado por cá.
Cada vez mais, parece haver uma vontade, por parte dos detentores do poder simbólico, em consagrar uma outra língua, sempre com a argumentação de que isso nos fará mais ricos e mais produtivos: veja-se, a este propósito, e como exemplo alegórico, o tão badalado convite a que todos visitem o ALLGARVE.
O que nos resta?
A bandeira, o hino, a cultura, o povo.
Quanto ao povo, não tenho a certeza se os que habitam fora de Portugal são mais do que os que habitam por cá ou se são o mesmo número. Por que razão será que tantos sentem necessidade de sair da sua terra?
Estou plenamente convencido que Portugal é uma palavra que é utilizada de forma recorrente em determinadas ocasiões, digamos, quando dá jeito. É uma palavra que ainda "vende", particularmente em tempo de eleições ou quando é necessário pedir sacríficios, agora eufemisticamente denominados de responsabilidades.
Bom, se o motivo que me levou a escrever foi o centenário da República, então: Viva a República!!!