Estamos a chegar ao fim. A
bancarrota ainda não foi oficialmente declarada, mas já é, em surdina, assumida
por quase todos. Os banqueiros já vieram lançar um grito lacinante. Claro que,
para quem tem acesso à execução das contas, o grito dos banqueiros já tinha
sido histericamente repetido vezes sem conta nos bastidores da grande casa.
Estamos falidos.
(Explico o que digo: sair da zona euro, com todas as dívidas associadas a esta moeda, seria a bancarrota imediata. E a convulsão social por longos tempos. A regressão para tempos anteriores ao século XIX. É que uma saída da zona euro implicaria um haircut da ordem dos 40-50% na nova moeda, com o consequente aumento da inflação nos produtos importados, facto trágico para um país que nem sequer produz aquilo que come. E depois haveria sempre dívidas - em euros - para pagar. Obviamente que o sistema financeiro entraria em colapso. Sobreviveria quem, com recursos em moeda estrangeira, pudesse, antecipadamente, emigrar.)
A nossa soberania não nos
interessa para nada. Nunca nos interessou. Só é útil quando, em nome de
interesses obscuros, dá jeito para manipular um certo sentido patrioteiro que
alguns ainda possuem. Mas também estes são cada vez menos.
O que nos interessa a todos é que
o nosso modo de vida, qualidade ou o que lhe quiserem chamar, possa permanecer
com os padrões que possuímos ou que possa ser melhorado. Só isso. Nada,
rigorosamente mais nada. Pátria, nação, o que quer que seja, nada disso existe
já. Aliás é curioso que muitos evoquem esse termo quando se trata de mobilizar
as massas: acontece no caso dos jogos de futebol (mas a equipa, por incrível,
só tem um ínfima percentagem de jogadores portugueses!), acontece no caso das
eleições (mas o que interessa a todos é o prato de lentilhas, por sinal, fruto
dos colossais fundos estruturais que os estrangeiros nos têm enviado nos
últimos 20 anos!), e julgo que acontecerá também noutras situações (o inimigo
externo contra o qual é preciso lutar...)
Segundo noticiam os jornais cá do
burgo, o
FMI estará por cá durante os próximos 10 anos.
Não acredito. Quanto muito,
estará por cá durante os primeiros 3 meses. É que, por essa altura – falamos em
meados de Setembro -, ou as coisas se modificaram ou o pratinho de lentilhas
acabará de vez e aí, sim, a bancarrota (ou eufemísticamente denominada
reestruturação da dívida) será publicamente assumida.
Será que alguém ainda acredita
que esta gente que vive neste cantinho da Ibéria vai alguma vez modificar os
seus hábitos de vida e a sua mentalidade? Os nossos conterrâneos do norte da
Europa ainda não perceberam o core da mentalidade dos cidadãos da Europa do Sul.
Para além disso, a fronteira que nos separa é muito antiga, tem raízes históricas,
não se afigurando passível de modificação porque um estrangeiro (que nos
usurpou a soberania) nos vem dar ordens, ainda para mais com a ameaça de nos
deixar morrer à fome...
Avanço que ainda vamos ouvir por
aí alguém clamar pela necessidade de se recuperar a força e a raça dos
lusitanos e de, activamente, lutarmos contra o centralismo dos colonizadores,
as vozes e gentes do Norte da Europa...
Os próximos tempos serão deveras
interessantes...