5.10.10

Portugal não existe.

Comemora-se hoje, com pompa e circunstância, o centenário da Revolução que implantou a República em Portugal em 1910.
Independentemente do regime político sob o qual somos governados, confesso-vos que estou já plenamente convencido que Portugal não existe.
Portugal é hoje um vocábulo cuja densidade semântica se tem vindo a exaurir.
De acordo com o que noticia o Diário Económico, uma declaração de um funcionário de uma agência de rating estrangeira motivou um agravamento nos juros pagos pelo Estado português para se financiar no exterior.
O que consumimos todos os dias é importado do estrangeiro. Não somos auto-suficientes.
Já não temos moeda própria: usamos a moeda europeia e, segundo foi noticiado na imprensa há uns dias, parece que, a partir de 2011, o nosso orçamento de estado terá que ser previamente apresentado em Bruxelas, para depois ser aprovado por cá.
Cada vez mais, parece haver uma vontade, por parte dos detentores do poder simbólico, em consagrar uma outra língua, sempre com a argumentação de que isso nos fará mais ricos e mais produtivos: veja-se, a este propósito, e como exemplo alegórico, o tão badalado convite a que todos visitem o ALLGARVE.
O que nos resta?
A bandeira, o hino, a cultura, o povo.
Quanto ao povo, não tenho a certeza se os que habitam fora de Portugal são mais do que os que habitam por cá ou se são o mesmo número. Por que razão será que tantos sentem necessidade de sair da sua terra?
Estou plenamente convencido que Portugal é uma palavra que é utilizada de forma recorrente em determinadas ocasiões, digamos, quando dá jeito. É uma palavra que ainda "vende", particularmente em tempo de eleições ou quando é necessário pedir sacríficios, agora eufemisticamente denominados de responsabilidades.
Bom, se o motivo que me levou a escrever foi o centenário da República, então: Viva a República!!!

2 comentários:

João Roque disse...

Estamos mal, bastante mal, mas não tanto...
Como as coisas estão, na Europa, mais propriamente na UE, haveria segundo esta perspectiva o desaparecimento de vários países, não só Portugal.

paulo disse...

bem, nem eu que costumo ser radical consigo ir tão longe! e há várias coisas que nos unem; uma delas, e das mais importantes, nem a referiste: a língua (que não é só nossa porque a levamos para todo o lado). de resto, no que respeita à parte da gestão, tens toda a razão!

abraço