19.11.10

Perguntas ao vento que passa

Assisti, como qualquer português de gema e patriota, à chegada a Lisboa de tantas e tantas personalidades de relevo internacional, os Senhores do Mundo, como certa imprensa lhes chama. À medida que ia acompanhando tão ilustre cortejo de personagens, fui colocando ao Vento algumas questões que me pareceram pertinentes:

  • Porque razão a necessidade de segurança exige que as ruas e as praças da capital do país estejam despidas de gente? (Preocupou-me a situação pois todas estas imagens me faziam recordar um qualquer filme de ficção científica que terei visto no passado e cujo contexto seria ou o Apocalipse ou o Ensaio sobre a Cegueira)
  • Porque razão a RTP 1 - canal de televisão pago pelos nossos impostos - só mostrava polícias (em grupo ou sinalizados pela presença de carros-patrulha) e nunca se via gente? Acho que entrevistaram 1 ou 2 pessoas? Será que esta é a população de uma capital europeia fervilhante de actividade?
  • Ou será que a situação já é tão deprimente que não há actividade na capital europeia?
  • Porque razão este canal televisivo insiste tanto em sublinhar que já foram presos X potenciais indivíduos, que representam uma perturbação grave à segurança nacional, quando, depois de analisada a informação, se chega à conclusão que estes perigosos sujeitos o são porque transportam consigo T-Shirts e tarjas contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte?
  • Será que isto tem que ver com os custos astronómicos que terão sido gastos com a compra de 5 carros de combate (blindados? Chaimites?) para a protecção neste evento e que, segundo julgo saber, ainda não chegaram ou até serão entregues num futuro não imediato?
  • Porque será que tem sido dada tanta importância a uns portugueses que parece que gostam de fotografar aviões, porque, vivendo nós numa Nação com determinadas especificidades culturais, parece ser natural que haja quem se situe junto dos aeroportos para fotografar esses raríssimos objectos? 
  • Porque razão nos enchem a hora de almoço com não sei quantos directos televisivos para relatar coisa nenhuma?

  • Quanto custa a organização deste evento?
  • Trata-se de um investimento com retorno assegurado? Não me venham com o blá-blá da importância histórica ou simbólica do local ou da associação do nome de Lisboa ao novo conceito estratégico de defesa desta organização porque essas coisas não nos pagam os produtos para a nossa sobrevivência quotidiana!
  • Parece que hoje houve tolerância de ponto no concelho de Lisboa. Será que esta é uma medida adequada para garantir e estimular a produtividade nacional? Isso é ainda uma preocupação, ou não?
  • Porque razão os apelos que têm sido feitos por organizações várias da sociedade civil, incluindo da Igreja Católica, relativos à situação de pobreza de largas franjas da sociedade portuguesa ainda não motivaram a realização de uma cimeira internacional em Lisboa, com o aparato e o investimento da que está actualmente a decorrer, para se encontrarem soluções mais justas e mais equitativas que favoreçam a qualidade de vida, a Paz e a Harmonia de todos os povos?
Adenda: um blogue onde se relatam situações que provavelmente serão desconhecidas de muitos relativamente à situação no Afeganistão

1 comentário:

João Roque disse...

Perguntas muito oportunas.
E esta cimeira em Lisboa, será oportuna?