13.1.11

7/01/11

Ouço, neste momento, António Carlos Jobim e reflicto sobre esse brutal e chocante assassinato de que foi alvo o jornalista Carlos Castro. Confesso que os detalhes sórdidos com que a comunicação social nos presenteou e o contexto em que tal ocorreu - numa viagem à cidade da sua vida, acompanhado por aquele que ele julgava ser o homem da sua vida, num espaço onde não faltava nada, num quarto de um hotel de 5 estrelas no centro do mundo, com vista para o céu - me chocaram profundamente. E o choque advém também da traição terrível e sem perdão que foi cometida. Matar, tirar a vida a alguém que depositava nessa pessoa toda a confiança é algo que a minha inteligência não consegue compreender. Que razão poderia, alguma vez, ser invocada para justificar um tão hediondo acto?

Quando se ama, deposita-se na pessoa amada toda a confiança. Sabe-se que ela estará sempre disponível para nos proteger e para dar a vida em nossa defesa.

Ainda agora, passados quase 7 dias, não consigo compreender.
Quando tive conhecimento do sucedido, achei que haveria ali a assinatura de algo muito sórdido. Algo muito obscuro, algo subterraneamente conspirativo.
Cheguei a colocar a hipótese de alguém - exterior aos dois - ter cometido o assassinato e, por via de uma chantagem ou de uma ameaça de morte terrível, ter "convencido" o rapaz a confessar-se culpado.

Reconheço porém que esta hipótese minha é profundamente delirante.
Hoje, tal brutalidade é "explicada" à luz de um exorcismo que o assassino quereria efectuar no sujeito com que se relacionou. Tratar-se-ia de, possuído pelo desejo homossexual - e também atraído por ele - , liquidar esse desejo, assassinando o sujeito com quem se relacionara afectivamente e sexualmente.

Continuo sem entender nada. 

O assassino parece ser um psicopata, um doente perigoso. 

Se o "pecado" o traumatizou assim tanto, deveria ter procurado ajuda junto de quem o poderia redimir dessa culpa: um conselheiro espiritual, um amigo, um profissional da saúde, enfim, um ser humano que é capaz de entender o outro e ajudá-lo nas suas necessidades e anseios.


Continuo sem perceber o que leva um rapaz de 21 anos a destruir a própria vida e a destruir a vida dos que o rodeiam, tanto mais que nos dizem que ele era ambicioso.

Sinto uma dor profunda pelas irmãs do Carlos e pelos seus amigos. 
Sinto uma dor profunda pelos pais do rapaz.


Sinto uma dor profunda pelo Carlos e por aquilo que lhe sucedeu. E principalmente porque, com toda a certeza, ele teve consciência, embora já não pudesse fazer nada para impedir tal situação, que o ser mais importante da sua vida o destruiu. Essa foi - creio - a sua maior dor.



4 comentários:

João Roque disse...

Magnifica e certeira análise de um caso que está a ser distorcido pela opinião pública, quase só faltando "canonizar" o jovem Renato, pelo sofrimento que está a passar...

Angelo disse...

Não teria dito melhor.

E é triste. Muito.

Daniel C.da Silva disse...

Relatas bem o sucedido. Mas como se pode entender, perguntas! estas coisas são inentendíveis porque tu mesmo abres a explicação principal "possuído pelo desejo homossexual - e também atraído por ele - , liquidar esse desejo, assassinando o sujeito com quem se relacionara afectivamente e sexualmente".

Mas nao podes esquecer nao ter sidop apenas isso. O desejo de fama e o facto de se entregar a uma homossexualidade contrafeita, nao assumida, nao identificada em si mesmo, despoletada pelo preço da fama (e do dinheiro), aliviaram-no de toda a raiva que, supostamente num acesso psicotico, o fez erradiacr simbolicamente o "mal" que estava subjacente, latente e mal resolvido.

OP que acho lamentavel é como é que as pessoas da terra do jovem modelo, fazem cordões humanos como se fosse ele a vítima...

Anónimo disse...

La ringrazio per Blog intiresny