17.9.08

Quotidianos IV

O momento doloroso do último adeus. Pensei que viesse a ser muito mais complicado e emotivamente arrasador do que efectivamente foi. Pensei, porque já perdi o meu pai, após um longo e doloroso processo de doença.
Foi um momento doloroso, mas que me ficará gravado na alma e no coração pelo contexto em que teve lugar: numa igreja de traça visigótica, inspirada nos mausoléus bizantinos, acompanhado por um tenor e música sacra. Foi um evento, sem dúvida, singular.
As crises nos mercados accionistas, a falência de bancos e de empresas. As reuniões intermináveis na nossa empresa, em busca de uma fusão com outra, do mesmo ramo, e concorrente, na tentativa de nos salvarmos todos de um destino pouco auspicioso. A agitação, o nervosismo. Os balanços de contas. As auditorias. Os recursos financeiros que, afinal, não correspondem aquilo de que necessitamos com as actuais despesas. É preciso reduzir custos. Ou reclamar, junto da multinacional, mais verbas. Pois sim, claro, reclamemos. Mas que faremos se eles nos questionarem acerca da redução da produtividade? Oh, senhor kapitão, mas acha que eles nos perguntarão isso? É o que eu faria, senhora doutora! Oh, senhor kapitão, então, é melhor não reclamar nada, não acha? Acho que é melhor aumentarmos a produtividade, senhora doutora! E já perdemos 10 minutos nesta conversa que não leva a nada... nem produz riqueza alguma...

15 comentários:

João Roque disse...

Amigo
desculpa não direccionar o comentário para o "esquisito" momento económico mundial, mas sim para o inicio do teu texto; no comentário que deixei no post anterior ainda não tinha conhecimento do desfecho triste sobre o teu amigo; infelizmente, vivi há poucos meses uma perda semelhante e sobre ela fiz um post; se te recordares exprimi bem o que se passa dentro de nós quando tal acontece, e portanto estou perfeitamente conhecedor da tua tristeza e dor; ainda bem que o funeral não foi um normal velório, mas sim como bem dizes, algo singular.
Abraço amigo.

paulo disse...

Eu também perdi o meu pai há 8 anos num doloroso processo de doença e sei o que me custou... não é fácil, por muito que o evento seja singular. a ausência dói demasiado.
quanto ao momento economicamente conturbado, nem sei mas olho expectante e a pensar que ainda vai dar muitas dores de cabeça (e muita perca de tempo com conversas ao fim e ao cabo inúteis!).

abraços

Restelo disse...

Força aí Kapitão! As melhoras para o conhecido.

Anónimo disse...

Caro Kap,

A morte do meio pai há 5 anos fez-me mudar muito a forma de ser, ver e de viver este mundo...
Estes momentos fazem-nos ver o que é importante na vida...

Esta sociedade teima em ir para caminhos perigosos, por isso há que manter a mente clara e remar contra a maré...

Paula disse...

Muitas vezes, quando perdemos ou estamos na eminência de perder um ente-querido, é que aprendemos a dar valor aos momentos "insignificantes" que vivemos com essa pessoa.
Força!
:)
Bjs!

João disse...

Para além dos pais que se vão, também os paradigmas de trabalho / produtividade começam a mudar (de forma catastrófica, é verdade!) E que na base, o principal - a solidariedade!

Um Abraço Sentido!

João disse...

Ah, e agradeço esse rol de lado sobre esta cidade: assim sempre a vou conhecendo melhor!

fj disse...

deixo um forte abraço!

Kapitão Kaus disse...

Pinguim:)
Obrigado.
Um abraço:)

Kapitão Kaus disse...

Paulo:)
Obrigado pela preocupação.
Abraço:)

Kapitão Kaus disse...

Restelo:)
Obrigado pela força!
Jinhos:)

Kapitão Kaus disse...

EnGine:)
Concordo totalmente!
O importante são as pessoas e a afectividade que as une.
Abraço:)

Kapitão Kaus disse...

Paula:)
Muito obrigado pela força!:)
E pela amizade!
Jinhos:)

Kapitão Kaus disse...

ophiuchus:)
Obrigado pelo apoio!:)

Kapitão Kaus disse...

fj:)
Abraço forte recebido!:)
:)