10.3.08

Do espírito bovino que, por vezes, nos rodeia

Tenho dado comigo a pensar na qualidade do atendimento que é feito ao público em geral, nos mais variados serviços e não resisto a partilhar com os meus amigos duas pequenas histórias. Ambas se passam num local onde, dada a frequência, é suposto encontrarmos gente educada e minimamente inteligente.
Cenário 1: uma livraria de referência e onde é possível tomar um café ou tomar uma bebida quente enquanto se lê um livro.
Protagonistas: eu, um grande amigo meu que me visita, e uma grandessíssima avantesma que se encontra por detrás do balcão e cuja tarefa de elevado esforço cognitivo consistirá em preparar duas meias de leite e cortar duas fatias de bolo de chocolate.
Responsabilidade da escolha do local: inteiramente minha, sendo que eu estava absolutamente convencido que tinha escolhido um local selecto e aprazível para tomar qualquer coisa e conversar calmamente com um grande amigo.
Eu: - Boa tarde! Pode servir-nos duas meias de leite e…. Olha lá, tu que queres? Eles têm aqui uns bolos caseiros que costumam ser deliciosos!
O meu amigo não me responde.
Nesse momento, olho para a empregada e vejo-a, com um ar trocista, mirando-nos aos dois.
Fiquei estupefacto! Mas quem era aquela criaturazinha para se recusar a efectuar o serviço para que estava habilitada e nos olhar?!? Mas olhar porquê?
Eu já era cliente habitual do local e nunca nada disto se tinha alguma vez passado comigo e o meu amigo, tal como eu, não se assemelhava nada a um skinhead ou a um punk. E se se assemelhasse, que tinha ela com isso? Também nenhum de nós transportava algum tipo de cartaz ou de adereço que suscitasse algum olhar mais demorado…
Pensei então: será que eu vesti o pullover ao contrário? Ou terei alguma máscara na cara? Ou ter-me-á caído qualquer coisa na cabeça (tipo caca de pássaro)? Ou terei algum dito colado nas costas?...
Mirei então a empregadita e perscrutei na minha memória se já a teria conhecido noutros contextos. Mas nada, absolutamente nada. O seu rosto nada me dizia.
O meu amigo comunicou-me que estava a começar a ficar irritadíssimo com a situação.
Inquiri novamente a mulherzita: - Passa-se alguma coisa?
A avantesma, qual esfinge faraónica, esboçou um esgar e nada respondeu.
Pensei: grande v***a! Grande f**** d* p***!
Não é preciso dizer que abandonámos ambos, irritadíssimos, o local e fomos tomar as meias de leite a um local clássico: uma pastelaria no centro da cidade.
Cenário 2: uma outra pastelaria, numa grande cidade deste nosso jardim à beira-mar plantado.
Protagonistas: eu e a menina que, por detrás do balcão, se prepara para me escolher os bolos que eu vou levar para consumir em casa.
Ela: - Quantos bolos vai comprar?
Eu: - Olhe, francamente, não sei. Aí uns 4 ou 5 ou 6 ou mais ainda…
Ela: - Olhe, o senhor tem que se decidir, e tem de saber quantos bolos é que vai comprar!
Eu: - Mas sabe que, como os produtos nesta casa são todos de muita qualidade, eu vou percorrendo o balcão e vou escolhendo…
Ela: - Mas é que o senhor TEM que saber antes de escolher QUANTOS bolos vai comprar!
Ai, que gana que me deu!
Não resisti e decidi largar uma tirada de filósofo:
- Olhe, minha senhora, eu SÓ DECIDO quantos bolos é que vou comprar quanto chega a altura de pagar, quando consulto a carteira e vejo o dinheirinho que lá está. Por isso, faça o favor de ir enchendo a caixa até eu dizer chega!
Ficou boquiaberta uns bons 5 minutos a olhar para mim. Acho que não percebeu exactamente o alcance das minhas palavras.
Depois, lá encheu a caixa e lá me vim embora.
Moral da história: que mal eu fiz para merecer isto? Deve ter sido noutra reencarnação, e agora vou ter este karma ao longo da minha vida…

7 comentários:

/me disse...

Dica: livro de reclamações. ;)

Unknown disse...

Impressionante esta gente mal educada!...!!!!Karl Marx toma tino nisto!!!

Eu se fosse ao teu amigo, tinha-me saltado a tampa e tinha enxovalhado a 1ra rapariga...e ainda lhe tinha batido se tivesse oportunidade...

Enfim!!!

Abraço grande:)

Anita disse...

enfim...

é preciso muita paciência para aturar pessoas assim tão mal educadas e sem formação :(

beijo***

Julieta disse...

Kapitão,

Tens a certeza que a segunda era mesmo uma pastelaria? É que isso cheira mais a um qualquer serviço público onde tudo já está pré-definido e nunca se pode alterar nada a menos que tenhas "via verde", ie, factor C de protecção?

:)

João Roque disse...

Que "emplastras", porra!

Olá!! disse...

Eu dizia-lhe os bolos, dizia... santa paciência...
Bjs kk

Kapitão Kaus disse...

/me: tens toda a razão! Foi pena não (nos) ter(mos) lembrado. Mas a próxima, assim farei/faremos!
Abraço :)

My Hydra-Friend: tens toda a razão! Sabes a mim também não me faltou vontade de lhe dizer duas coisas bem ditas, mas receei que o meu amigo ficasse ainda mais contrariado do que o que estava. E além disso, seria perder tempo com gente bovina! Mas já enderecei aos proprietários do "estaminé" a minha veemente queixa!
Abraço grande:)

Anita: nem imaginas o que eu vou descobrindo por este país fora... Apetece dizer: dai-me paciência, meu Deus, porque eles não sabem o q1ue fazem!
Beijinhos :)

Umabel: era uma pastelaria sim. E de iniciativa privada!
Enfim....
Beijinhos :)

Pinguim: tens toda a razão! Apetece sair por aí a utilizar o vernáculo, a ver se o povo acorda!
Abraço :)

Olá: pois é, eu bem tento ir tendo paciência. O que me incomoda profundamente é quando os meus amigos são envolvidos nestas situações! Rais parta isto!!!
Beijinhos :)