10.4.09

Mas porque é que, nesta cidade, há tanta gente assim?...

Hoje, à tarde, vinha eu a caminho do parque de estacionamento, para recuperar a minha viatura e regressar a casa, quando oiço uma progenitora, dirigindo-se à filhita, num volume consideravelmente elevado e brindando-a com um conjunto de epítetos que me fizeram estacar. Fiquei verdadeiramente surpreendido. Ainda julguei não estar a ouvir bem. Poderia ser o som do vento, porque ventava muito e o frio enregelava-me as orelhas. Mas eis que, de súbito, a progenitora, uma mulher na casa dos 30 anos, bem arranjada, com umas calças de ganga justas, botas de cano alto, e um casaco colado ao corpo, cuja silhueta se reconhecia muito bem, volta a presentear a miúdita com um FO**-SE! Mexe-me essas pernas, GRANDE FILHA DA ****!
Estarreci.
Juro que não queria acreditar!!!!!
A cachopa ia-a acompanhando e não retorquiu qualquer palavra.
Acabaram por se afastar e sairam da minha vista.
Recordei então, uma ocasião em que um Amigo me veio visitar e, confrontado com uma situação similar, me chamou a atenção, inquirindo-me se se passaria alguma coisa com as traseuntes que, com mimos tão inusitados, se tratavam entre si. Na altura, respondi-lhe que já estava habituado a esse discurso. Olhou-me boquiaberto.
Mas, desta vez, fui eu que fiquei profundamente perturbado com o linguarajar daquela criatura. Que aparentemente seria mãe, madrasta ou teria algum tipo de vínculo com a criança em questão.
Entretanto, dirigi-me ao parque de estacionamento, para retirar a viatura. E aí recordei uma outra situação, ocorrida há cerca de 20 anos atrás, numa ocasião em que eu, procurando adquirir uma mobília para a instalação de uma cozinha, me dirigi, repetidas vezes, a um mesmo estabelecimento comercial. Era sempre atendido pela mesma vendedora: uma moça jovem, na casa dos 28-30 anos, bonitinha de corpo e de cara, mas que faria muito melhor negócio se só recorresse à linguagem gestual. É que ela, apesar de eu me fazer acompanhar de uma amiga, acabava sempre por orientar a conversa acerca do custo da mobília para assuntos de natureza pessoal que me perturbavam particularmente (e que faziam rir às gargalhadas a minha amiga).
Passo a explicar a situação: depois da 1ª visita ao estabelecimento, conversa para aqui, conversa para ali, ela disse-me que me conhecia. Ora eu, que tenho uma excelente memória visual (infelizmente, o mesmo não pode ser dito da memória dos nomes das pessoas), não me recordava nada da dita senhora. Mas ela disse-me de onde me conhecia: sabe, o senhor é cliente da loja onde trabalha o meu marido. O meu marido é o C....., da loja X, onde o senhor compra os fatos! Ah..., respondi eu. Já tinha identificado o marido: um rapaz. muito simpático, na casa dos 3o anos. Pois sim, já estou a ver.... 
Bom, como a compra do mobiliário só se efectuou depois de pesadas negociações com o patrão dela (na altura eu contava mais os tostões, até porque só estava a trabalhar há um ano), a senhora, por razões que ainda hoje eu não consigo descortinar, acabava sempre por me confessar, entre uma pergunta acerca da qualidade do material e outra acerca da inclusão ou não do IVA no valor final, que qualquer dia colocaria os pirulitos ao marido! Era assim mesmo, com estas palavras!
A minha amiga, quando pressentia que a louca estaria prestes a atacar, piscava-me o olho e perguntava-lhe sempre a mesma coisa: olhe, e quantas crianças é que estão a pensar em vir a ter? Três ou quatro?
Eu, pela minha parte, tocando na madeira (3 vezes!), respondia-lhe sempre o mesmo:
- Ai sim?!??? Olhe, e esta mobília? Custa quanto?...

7 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

O mundo está perdido... ;)

brinca-se mas o facto é que isto é revelador da qualidade da formação humana...

Tens cada experiencia...

Happy easter

Angelo disse...

De facto há gente muito idiota!

Mas essa história da senhora da loja está demais! Devias ir à procura dela para ver como as coisas andam!

Kapitão Kaus disse...

Olá Lobinho:)

Obrigado pela visita!
De facto, tenho algumas experiências curiosas, mas isso também sucede graças às "qualidade" dos meus conterrâneos! LOL

Abraço:)

Kapitão Kaus disse...

Olá Ângelo:)

Eu, voltar a ver a senhora da loja???? Nem pensar! Se, na altura, ela já era louca, imagina agora como estará! Louca e velha!!!! Nem penses pá!

Abraço:)

Gi disse...

Tive amigas de infância que foram tratadas assim. Agora as mães são uns anjos ao pé delas e bastante dependentes delas, acreditas?

João Roque disse...

Caro Kapitão
essa senhora da loja era realmente louca (coitado do marido, em todos os aspectos), mas prefiro-a a essa outra mulher com tratamentos dessa forma para uma miúda, seja qual for o grau de parentesco entre ambas...
Abraço.

maria. disse...

esses momentos são extremamente embaraçosos. Curiosamente quando presencio essas situações sou eu que fico envergonhada. E sou um terceiro naquela situação, ou seja, não é nada comigo. Mas uma mãe que dirige tais palavras à filha... é uma grande educadora, sem dúvida!

obrigada pelo comentário :)