18.5.08

Para onde vamos?

Dirão os meus caros Amigos que estou um bocadinho ácido. Se tal pode ser explicado por razões de saúde, também é verdade que aquilo que nos é dado a ver confirma, em muito, os nossos prognósticos muito reservados relativos à situação do reino.
Vêm estas considerações a propósito de uma visita, que acabei de efectuar, a uma importante feira de mobiliário dos grandes produtores do reino.
Se a ausência de oferta foi claramente notada, outro facto é digno de nota: a dimensão exagerada dos móveis e dos sofás associada a uma certa tendência para um estilo que, não querendo parecer deselegante, classificaria do tipo novo-rico.
E aqui chegamos ao meu espírito crítico: o que eu me questiono é saber até que ponto os nossos empresários possuem realmente uma visão estratégica para criar riqueza? Se os móveis, que estão patentes, não permitem mobilar uma casa – os apartamentos, como todos sabemos, são de dimensões cada vez mais exíguas – , para que estarão eles expostos? E para que serão eles produzidos? E para quem? Quem os comprará? A geração dos pais de família, bem na vida, que vive em faustosas casas senhoriais? Será que esses necessitam de mobilar uma casa? Os jovens, que mal vão sobrevivendo?
Temo bem que todas aquelas empresas, que empregam largas centenas de trabalhadores, venham a encerrar as portas dentro de pouco tempo. E essa será mais uma desgraça neste reino, que todos nós amamos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Como diz uma amiga minha, é um país com muita cagança para pouca finança e muita fiança... É uma tristeza, é o que é! :( Abraço!

João Roque disse...

Focaste, de raspanço, uma questão tão verdadeira, como confangedora e que mereceria redobrada atenção: somos um país de novos ricos!
Abraço.

Kapitão Kaus disse...

Olá Amigos:)

Confesso que fiquei muito incomodado com o que vi no dia de ontem:(
Muita ostentação, pouca gente na feira de mobiliário e hoje, num dos jornais da terra, diziam os senhores empresários que estavam confiantes no sucesso das vendas.... Fiquei perplexo: ou sou eu que sou um velho do Restelo, ou o mundo está aqui e eu ainda não dei conta dele. Se calhar eles até têm razão: eu é que, de facto, não tenho espaço para preencher com aquele mobiliário; mas, a avaliar pelo ar de satisfação dos mais altos dignatários do reino, sempre que são inquiridos acerca do estado do reino, talvez eu esteja enganado.

Abraço:)