14.8.08

Do reino do simulacro ou da forma como quem detém o poder olha os seus conterrâneos

A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, para além da grandiosidade do evento, ficou marcada por um assumir explícito e deliberado da capacidade de simulação. Ao que parece a criança que cantou não foi a mesma cuja imagem foi difundida pela comunicação social, bem como os fogos de artíficio terão sido, em larga medida, manipulações realizadas em computador.
Se isto demonstra, aos olhos dos ocidentais, que a China já detém a capacidade tecnológica para poder vir a ditar leis e formas de agir num futuro próximo, ultrapassando aquelas que são, hoje, consideradas nações tecnologicamente evoluídas, este acto mostra-nos também que vivemos, definitivamente, no reino do simulacro: o importante é vender uma determinada ideia ou situação e convencer os outros que essa é a realidade. Aliás, a realidade, cada vez mais, reside naquilo que se mostra (ou naquilo que a televisão exibe). 
Ora, este domínio da imagem e particularmente da imagem simulada, da imagem manipulada por alguém que detém o poder, configura um acto que pode, eventualmente, ser considerado atentatório da dignidade humana. Pois aquilo que eu vejo não é necessariamente aquilo que, de facto, sucede. Daqui decorre que, com legitimidade, podemos acreditar que vivemos no reino do circo. Se a informação de que eu disponho é/pode ser potencialmente manipulada e simulada, que me resta, em termos de acção? Somente o alheamento, a descrença total naquilo que me é oferecido...
Tenho, para mim, que a metáfora apresentado pelos filmes da série Matrix não está muito longe.

5 comentários:

Hydrargirum disse...

Sabes o que digo???

Mas para que e que deixaram ser a Sino/landia a receber os Olimpicos????

Ha coisas que me trasncendem!!!

Agora comia um Pato a Pequim!lol

AG:)

Kapitão Kaus disse...

Pois um Pato à Pequim, ou com laranja, era uma excelente ideia!!! LOL

Francamente não sei o que deu ao COI: acho que podem ter pensado que conseguiriam forçar alguma abertura do regime, mas, atendendo às notícias que vão chegando de Pequim, e que vou divulgando neste blogue, as coisas não estão lá muito favoráveis... (E depois, o COI também organizou os JO no tempo da Alemanha nazi, em Berlim...)

Enfim, não sei...

AG:)
KKF

João Roque disse...

Eu gostei imenso da cerimónia de abertura dos J.O.
Mas, a ser verdade o que relatas, sinto-me um pouco como quando soube que não havia Pai Natal nenhum...
Abraço.

mik@ disse...

ola
eu nao vi a abertura... enfim
mas hoje em dia o produto final que nos chega já foi manipulado imensas vezes... a nao ser que esteja acontecer na tua frente, há sempre um ponto de vista de alguem, uma maneira de contar a historia que varia de pessoas para pessoa.
isso faz parte da minha profissão por isso entendo-te bem...
bjinhos

H. Sousa disse...

Também espreitei o evento e tive uma estranha percepção de tudo. Artificial, tudo muito artificial.