11.8.08

Estou farto!

O que foi que eu fiz para merecer tamanha falta de consideração???

Explico rapidamente a razão do meu estado à beira de um ataque de nervos. Domingo à tarde, em pleno mês de Agosto, na minha cidadezinha, num centro comercial.
Dirijo-me a uma pastelaria e, após ter inquirido o preço não afixado do produto, solicito à funcionária, que me mirava com olhos de carneiro mal morto, uma fatia de bolo. Embora a fatia de bolo fosse estupendamente minúscula e escandalosamente cara (1, 75€), a possibilidade de a dividir com uma pessoa especial animava-me a adquiri-la. Vai daí, informei a funcionária que desejaria adquirir a dita fatia de bolo e solicitava que a mesma fosse acompanhada de 2 talheres (para mim e para a minha amiga). E aí começaram as complicações:
Funcionária - Dois talheres para uma fatia de bolo??? Mas nem pensar! Uma fatia, um jogo de talheres; duas fatias, dois jogos de talheres!
Kapitão - Como???
Funcionária - É assim mesmo, respondeu a vaca. E ainda teve o desplante de acrescentar: se quiser, pode adquirir um jogo suplementar de talheres pela módica quantia de 2,00€.
Kapitão - E os talheres são feitos de que material?
Funcionária - De plástico, naturalmente, respondeu a vaca.
Kapitão - Mas a senhora está a gozar comigo???
Funcionária - São as regras da casa, voltou a responder a vaca.
Reflecti: ora bem, hoje é domingo, estamos em Agosto, está um calor de matar, eu estou aqui nesta terrinha de província, e esta parva, que estava sentadinha no seu canto até eu entrar, está a tentar ganhar dinheiro à minha custa…
Resultado: mudámos de sítio e fomos lanchar bem longe daquela vaca exploradora e doida.
(Perdoem-me @s car@s leitores os atributos com que estou a brindar a avantesma, mas estou mesmo muito irritado!)

Hoje, 2ª feira, na mesma cidadezinha, no mesmo centro comercial, numa loja da multinacional Pizza Hut.

Saí-me não uma Fabíola, mas uma Maria João.

A Kaos-mater sentiu uma vontade irresistível por uma certa pizza, que tinha provado, numa recente refeição, no dito restaurante da multinacional: uma pizza mediterrânica, feita com azeite, para proteger o coração.

Como já conhecia as aventuras de um amigo no processo da encomenda telefónica da pizza, decidi deslocar-me pessoalmente ao dito restaurante e trazê-la em mão.

(Mal eu conhecia as aventuras em que iria estar envolvido!!!...)

Chegado ao restaurante, fiz o pedido:

Kapitão - Boa tarde, desejava uma pizza pancenta, tamanho médio, para levar.

Sorridente, a funcionária aproximou-se do mostrador electrónico e, pelo canto do rosto, reparei que o seu rosto perdeu alguma luminosidade.

Voltou-se para mim e respondeu-me que tal não era possível.

Kapitão - Como??? Mas ainda ontem aqui comi uma pizza dessas! Já não têm???

Funcionária - Não, a questão é que não as vendemos para fora.

Kapitão - COMO???? Não as vendem para fora??? Mas qual é a diferença??? Vocês fazem-na, vendem-na ao preço que querem (eu não conhecia o preço dos produtos para levar para casa), não sujam os pratos, não pagam o transporte… E não podem vender para fora????

Chegada a gerente da loja, explicou-me que não, que não vendem, que se quisesse, teria que a consumir dentro da loja.

Argumentos: nenhuns. Foi algo do género: é assim, prontos! (Foi mesmo prontos!!!)

Resultado: não adquiri a pizza, e jurei que não voltava a gastar um cêntimo mais nessa casa! Jantámos uma bela espetada grelhada na brasa.

Mas voltando à questão da recusa de venda de produtos que um consumidor deseja adquirir: não compreendo o que se passa com estes conterrâneos. Têm os produtos, têm o cliente e não vendem.
E depois ainda se queixam que há crise e que os lucros não são tão altos quanto desejariam… Tenho cá para mim que este é um caminho perigoso, e que não augura nada de bom em termos económicos.
Quem devia ter juizinho na cabecinha parece andar despardalado: claro, dir-me-ão, estamos em Agosto, mês dos emigrantes, e as pessoas podem dar-se ao luxo de afugentar clientela.
Não sei se assim será: pela minha parte as duas lojas alimentares estão riscadas do mapa. Pela burrice de quem lida com a clientela.

E isto leva-me a uma outra questão: por que razão é que nesta terrinha há tanta gente estúpida? Tanta gente burrinha? Tanta gente limitada? E gente cusca? Gente que adora falar dos outros, que é linguaruda, e que gosta de dar palpites em relação à vida pessoal de cada um?
Provavelmente, porque é uma terrinha.
O crescimento imobiliário e o desenvolvimento da cidade ainda não trouxeram uma iluminação às consciências e um impulso ao desenvolvimento cultural.
Estou farto!

16 comentários:

João Roque disse...

Caro Kapitão
numa "terrinha" pequena como dizes, não deve ser dificil saber o nome da "vaca", e eu punha aqui mesmo no blog, o nome dela, para salientar ainda mais o excelente exemplo de profissional que (não) é!
E identificava o Centro Comercial, que pelos vistos, pelo menos na área de restauração está "muito bem servido"...
Abraço.

Socrates daSilva disse...

É uma das caracteristicas que custa a descolar da mentalidade portuguesa: saber fazer um bom trabalho, ter brio em servir, quando esse é o nosso trabalho. Para resalva da verdade, começam a existir situações de excelentes profissionais. São poucas, mas começam.
Olha, paciência. (e o livro de reclamações?)
Abraço

ivone disse...

e quem é que o manda ir de férias para essa terrinha com tantas outras espalhadas pelo país?
sempre corre o risco de encontrar outra vaca ou outra fabíola mas aí a questão já é outra

Paula disse...

Ó Kaus! A insultar as vaquinhas, esses animaizinhos de olhos doces?
Realmente!
Isso não foram aventuras! Foram mas é desventuras!
Para a próxima, pedes só 1 talher e partilham a fatia de bolo e o garfo! É mais barato e mais romântico!
;)
Bjs!

Kapitão Kaus disse...

Pois é, caro Pinguim, este centro comercial é bastante curioso... E até tem lá um grande hipermercado de uma das maiores fortunas do país...
Mas, quanto a dar o nome às coisas, tu tens toda a razão, mas eu nestas coisas tenho sempre algum receio... lembro-me de um caso que se passou, também nesta terrinha, de um cavalheiro que se sentiu maltratado num dos cartórios notariais, apresentou queixa no livro amarelo e teve que ir a tribunal responder por danos morais. E perdeu a causa. Assim, o bom senso aconselha-me a não dizer mais do que isto. E, como muitos dos meus leitores, até me conhecem pessoalmente, rapidamente identificam os locais e a fauna em causa.
Abraço e obrigado pela força:)

Kapitão Kaus disse...

Caro Sócrates, obrigado pela força:)
E paciência, tenho-a eu muito. Mas, cada vez mais, me custa a engolir determinadas coisas.
Porém, pela leitura que vou fazendo da blogosfera, e que, volta e meio, partilho neste blogue, reparo que há muitos mais insatisfeitos como eu que expressam o seu direito à indignação!
Abraço:)

Kapitão Kaus disse...

Cara Ivone, tens toda a razão:)
Por isso, hoje, já mudei de ares:)
Jinhos:)

Kapitão Kaus disse...

Cara Paula, deste-me um excelente conselho:) É o que vou passar a fazer:)
Jinhos:)

paulo disse...

bem, o talher de PLÁSTICO era mais caro que a fatia de bolo! incrível, mesmo!

prontoS, a da pizza não se fica atrás!

não pensaste numa reclamação? isso nem é burrice, é mesmo falta de consideração pelo cliente! farto? acho que somos muitos! muitos, mesmo! gente tão pouquechinha, esta!


abraço

Hydrargirum disse...

Essa vaca que mencionas a mim parece/me da mesma familia da outra que trabalhava naquela livraria/pastelaria!!!! Um tabefe em cada um e eu seria um homem feliz!!!!

Agora a da pizza, e ESTUPIDA todos os dias...qual a diferenca de fazer uma pizza para fora....

Devias ter dito que a comias "sur place" e depois levantavas/te e acenavas e saias....

Ha mta gente estupida!!!
(e eu cada vez mais saturado!)

AG:)

Kapitão Kaus disse...

Caro Paulo:)
Com esta gente, a mim parece-me que o melhor é manifestar a nossa indignação e não voltar a alimentá-los financeiramente. É que, como dizia um amigo meu, pobre só sente quando lhe mexem no bolso!
Abraço:)

Kapitão Kaus disse...

Hydra-Friend:)

Tens toda a razão: a vaca é, sem dúvida, da mesma família! (Aliás, pensando na situação, até acho que poderia ser a mesma). Pela minha parte, te juro que nunca mais consumirei o que quer que seja na Pastelaria / Bombonaria Paula!

Gostei da sugestão para a Pizzaria: ai que gana me deu!!!

(E eu que procuro sempre ser o mais cordial e calmo possível. Nem te conto como fiquei após estes 2 episódios! Moral da história: ainda não tive coragem para regressar a esse centro comercial...)

AG:)
KKF

Anónimo disse...

Mas que raio de cidade é essa?

Felisberto disse...

Antes de mais obrigado pela visita ao blog e pelo cumprimento:-)

efectivamente, o teu é extremamente interessante, e tens um estilo de escrita muito semelhante ao meu, o que me agradou logo à partida.

Este tipo de situações também me irrita profundamente, mas eu fico imediatamente vermelho de raiva. Mas, uma possibilidade para ambas as questões seria pedir o livro de reclamações naturalmente, isso seria a opção mais básica. Não obstante, o caso dos talheres por dois euros, como jurista deixa-me que te diga que seria possível pegar com a questão de uma forma mais trabalhosa. 1º não é legal ter produtos à venda sem o devido preço, a proposta contratual não está completa, o que te permite levar a coisa quase pelo preço que desejares. Além disso o valor do talher é claramente mas claramente inflaccionado e o mercado tem regras, além que o seu preço também deveria estar exposto, recaindo sobre os mesmos pressupostos da fatia de bolo.

Quando à pizza, sinceramente é de IRRITAR!

Felisberto disse...

Antes de mais obrigado pela visita ao blog e pelo cumprimento:-)

efectivamente, o teu é extremamente interessante, e tens um estilo de escrita muito semelhante ao meu, o que me agradou logo à partida.

Este tipo de situações também me irrita profundamente, mas eu fico imediatamente vermelho de raiva. Mas, uma possibilidade para ambas as questões seria pedir o livro de reclamações naturalmente, isso seria a opção mais básica. Não obstante, o caso dos talheres por dois euros, como jurista deixa-me que te diga que seria possível pegar com a questão de uma forma mais trabalhosa. 1º não é legal ter produtos à venda sem o devido preço, a proposta contratual não está completa, o que te permite levar a coisa quase pelo preço que desejares. Além disso o valor do talher é claramente mas claramente inflaccionado e o mercado tem regras, além que o seu preço também deveria estar exposto, recaindo sobre os mesmos pressupostos da fatia de bolo.

Quando à pizza, sinceramente é de IRRITAR!

Restelo disse...

Mas tá tudo parvo!! Essa gente deve ter apanhado muito sol e fritou-se-lhes a mioleira (ou o que restava dela)! É que só pode!