16.11.08

Quotidianos X

Como era domingo solarengo e nada mais havia para fazer, decidiu subir ao alto da montanha para, a partir daí, poder apreciar as vistas, conhecer os habitantes e familiarizar-se com os seus modos de estar.
Levou quase 1 hora a caminhar, por ruas sinuosas. Não quis levar nem GPS (já tinha tido experiências traumatizantes que chegassem!) nem sequer um mapa. Obviamente que não conseguiu encontrar o caminho, mas, seguindo o seu instinto, e com o auxílio de alguém que lhe apareceu na frente, lá encontrou a Igreja do Salvador. Muito bela, muito interessante, mas não fotografou nada. Sentiu-se intimidado pelos habitantes que aí dentro rezavam.
Prosseguiu o caminho. Chegou à Plaza Mayor, local soberbo onde se encontra a catedral. Pelo caminho devorou literalmente todas as lojas e museus com que se foi cruzando.
O mais interessante de todos, não descurando naturalmente a Fundação Antonio Pérez, foi o Museu de Arte Abstracta. Sim senhor, um excelente e acolhedor espaço, que permite compreender até que ponto vai a arte e as manifestações de anti-arte. De uma das suas janelas, tem-se uma vista magnífica, com as varandas todas em madeira, naquilo que os habitantes da localidade designam como Las Casas Colgadas.
Depois da missa na catedral, com coro, pôde visitar gratuitamente uma soberba exposição consagrada ao Santo fundador da catedral, no séc. XII: Sán Julian.
Terminou o dia num restaurante, muito curioso e muito cultural, de que se partilha uma foto, com uma excelente paella seguida de um bistec de ternera a la plancha e de natillas caseras, acompanhadas, naturalmente, de um copo de bom vinho da região. E nesse contexto, sentiu-se verdadeiramente em casa, pois bastou-lhe uma palavra a fugir para a língua mãe para que a empregada se revelasse: 
- Oi, ocê também é brasileiro?
- Não, sou português.
- Ai qu'alegria! Nossa! Quanto tempo qu'eu não falo português!
Como devem compreender, não revelarei aqui, num espaço público, o resto da interessante conversa tida, numa cidade, bem no centro da meseta ibérica, com uma brasileira de gema!
(Foi a minha vingança face à outra senhora, castelhana de gema, que não me compreendeu quando cheguei).

3 comentários:

João disse...

Boa vingança.
Boa viagem por terras de espanha :)

João Roque disse...

Espero que tudo tenha corrido bem; fiquei curioso quanto ao nome da cidade.
Abraço.

Tongzhi disse...

Parece tudo muito bonito!